quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Teatro Politeama: "O Fim do Arco-Íris" (ante-estreia)


A melhor forma de lidar com a dor é sorrindo. É essa a mensagem de "O Fim do Arco-Íris".

Terminou há algumas horas a ante-estreia do novo musical de Filipe La Féria "Judy Garland: O Fim do Arco-Íris", com uma plateia de pé em ovação triunfal a mais uma fantástica produção nacional. 
Este que vos escreve estava entre aqueles que ovaram de pé os actores e actriz que proporcionaram perto de 2 horas de excelente espectáculo.
O Musical que chega a Portugal pela mão de Filipe La Féria conta a história do fim da vida de Judy Garland, especialmente a sua relação com o seu último noivo e mais tarde marido, Mickey Deans. Assistindo à queda da Diva está Anthony, o seu pianista. Em Portugal dão vida às personagens Carlos Quintas, Hugo Rendas e Vanessa.
Hugo Rendas interpreta o papel de Mickey Deans, o último marido de Judy Garland, obcecado com dinheiro e em fazer Judy actuar. Ele que fora seu "dealer" acaba por ser também aquele que a leva ao fim do Arco-Íris: a morte. Hugo Rendas volta a dar conta do recado sem problema e aguenta bem a carga negativa do seu papel.
Carlos Quintas é o pianista Anthony de Judy Garland, um homossexual que ama verdadeiramente a Diva e tenta por tudo evitar que esta volte a cair nas drogas e no álcool. Como sempre Carlos Quintas interpreta na perfeição o personagem, ainda que, por vezes, certos maneirismos nos lembrem Armando de "A Gaiola das Loucas". Mas é algo perfeitamente compreensível em quem já tem tantos anos e tantos personagens no curriculum.
A grande estrela da noite é sem sobra de dúvida, Vanessa, no papel de Judy Garland. Dona de uma voz poderosa, Vanessa impressiona com interpretações tão boas como as da própria Judy Garland. Mas com se isso não chegasse, é ainda uma excelente actriz com um óptimo comedic-timing. Vanessa é a grande responsável por arrancar gargalhadas avassaladoras ao público.
Para tudo isto contribui claro a própria qualidade do texto.
Normalmente quando vejo os musicais em Portugal já os vi no estrangeiro. Tal não aconteceu com este "Fim do Arco-Íris" e a surpresa foi extraordinária. Esperava algo no estilo do musical Piaf, e se é certo que estruturalmente há semelhanças, "O Fim do Arco-Íris" é bem mais leve e divertido, sem nunca deixar de ter os seus momentos em que a profundidade do texto e a palete de emoções é grande.
O clima do musical, não tão intimista como Piaf, não deixa de ser um musical minimalista e que funciona perfeitamente assim.
No que aos cenários diz respeito estes dividem-se basicamente em 2 grandes cenários: o interior da suite do Hotel Ritz em Londres onde Judy Garland está a passar 6 semanas e o clube onde vai actuando.
A orquestra é composta por 8 músicos que estão numa plataforma elevatória que desde sempre que chega uma cena no clube, tornando assim a orquestra parte do cenário.
Em resumo, "O Fim do Arco-Íris" é uma excelente peça de Teatro Musical. (Explica bem o sucesso internacional que está a ter.)
No fim do espectáculo Filipe La Féria voltou a pedir a todos para irem ver, dizer aos amigos e não deixar morrer o Teatro em Portugal.
Quando a Portugal...esse já morreu quando nos levaram a soberania sobre a nossa própria língua...portanto eu aconselho todos a ir ver e a apoiar os artistas e o Teatro...para que pelo menos algo reste do que foi em tempos a cultura portuguesa.

A NÃO PERDER até ao fim de Fevereiro!

1 comentário:

Anónimo disse...

A Vanessa é realmente maravilhosa,profissional.
Hugo Rendas e carlos Quintas adorei.
Uma nota:
Os palcos nessecitam de um tratamento de cera ou pintura, em tempos de crise não podemos nos descuidar com a frente!
Desculpe é só para melhorar e não na crítica! Parabêns Lá Féria e toda a equipa de técnica...