domingo, 8 de janeiro de 2012

Não chores por mim...Judy Garland.

Quando estreou no Casino do Estoril "O Melhor de La Féria", junto à bilheteira anunciava-se a concretização de um sonho do encenador: colocar em palco a versão Portuguesa do musical de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice "Evita". Tudo estava encaminhado para a produção avançar. Mas no final do mês de Novembro a produção teve de ser cancelada. Os motivos não são claros, simplesmente sabe-se que "surgiram alguns problemas".

O que a seguir se segue não é um facto, apenas aquilo que eu acho que pode ter acontecido:

No final do mês de Novembro o Governo de Portugal apresentou o Orçamento de Estado para 2012. E no seio de um ataque generalizado aos bolsos dos portugueses encontrava-se a previsão da subida do IVA nos espectáculos de Teatro para a taxa máxima de 23%. Entretanto essa medida foi revista. Ainda assim os espectáculos sobem para a taxa intermédia de 13%. Mais do dobro da taxa em que se encontravam (6%). Ora para Teatros, como o caso das produções La Féria, considerados "comerciais" a actual Lei do Mecenato não permite comparticipações de entidades privadas em troca de benefícios fiscais por serem mecenas da Cultura. Ou seja, os Teatros "comerciais" têm de viver das receitas de bilheteira. Que num país como Portugal onde a cultura é única e exclusivamente o futebol, é uma dor de cabeça. Ao mesmo tempo há uma crise financeira que faz com que os Bancos retraiam mais e mais os empréstimos. Junte-se a isso o aumento brutal da taxa do IVA na LUZ que passou para a taxa máxima de 23%. Ora só em luz, um Teatro gasta muito. Junte-se a isso: royalties para os autores da obra a encenar, água, manutenção do Teatro, impostos, salários dos actores, músicos e equipa técnica. São gastos grandes.

Ora montar um musical como "Evita" custa MUITO dinheiro. E os bilhetes cobrados pelas produções La Féria não passam dos 30€ (ao contrário do resto dos Teatros em situações idênticas na Europa onde os preços chegam a ultrapassar os 100€). 
Ou seja, das duas uma, ou:
a) La Féria aumentava os preços dos bilhetes substancialmente para garantir o pagamento do empréstimo bem como de todas as despesas de funcionamento, o que, numa época de crise, só afastaria um povo já pouco habituado a ir ao Teatro ainda mais, e por isso levaria à falência o espectáculo e o Teatro, e então acabava-se praticamente o Teatro de longa duração em Lisboa (recorde-se que as produções não ficam em cena em Lisboa, normalmente, mais de 1 mês); ou 
b) La Féria optava por cancelar o espectáculo e encenar outro mais simples, bem mais pequeno, "que saia mais barato" e que permita manter os preços dos bilhetes (como já foi anunciado que vai acontecer) e sustentar o espectáculo com as receitas de bilheteira.

Se foi isto que aconteceu (recordo, isto é a minha teoria, não um facto), penso que é claro que La Féria optou pela opção b). E bem. Porque La Féria não quis deixar o Politeama sem um espectáculo. 

E como tal estreará em breve no Politeama o Musical "End of the Rainbow", O Fim do Arco-íris.

O Fim do Arco-íris é um musical relativamente recente. Da autoria de Peter Quilter, estreou na Ópera de Sydney, na Austrália, em 2005 tendo sido entretanto encenado no Festival de Edimburgo seguido de uma produção no West End Londrino, e de uma produção que estreou no Brasil em Novembro passado. O espectáculo tem também estreia anunciada para esta Primavera na Broadway, onde estará em cena no Belasco Theatre.
O Musical, à semelhança do musical Piaf, conta a história da vida da actriz Judy Garland, imortalizada pelo cinema no papel de Dorothy no filme O Feiticeiro de Oz. A actriz foi a responsável pelo sucesso da sobejamente conhecida canção "Somewhere over the Rainbow" (Algures para lá do Arco-Íris), música que marcou a sua vida até ao fim e de onde o Musical que estará em cena retirou a inspiração para o título.
A produção portuguesa terá à frente do elenco Vanessa no papel de Judy Garland, acompanhada por Carlos Quintas e Hugo Rendas. A encenação é, como costume de Filipe La Féria.
Poderão esperar a review do espectáculo neste blog assim que estreie. Até lá, fiquem com o trailer do espectáculo Londrino.

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